4.11.10

Corpo

Nada mais é meu.

Meu corpo se corrompeu,

Minhas idéias coagiram de forma incalculável.


Tudo mudou.

De repente eu não sou mais aquela menininha distante da malícia,

Acordo e vejo curvas diferentes em meu corpo,

Sensações que se tornam aguçadas a diferentes movimentos,

Perpetuo aquilo que outrora não era notado.


Percebo que ando dando passos nesta corda fina,

Que tanto se balança,

Mas meu corpo se move junto,

Misturando pedaços,

Acasos, fracassos.


Pecando pelo meu pouco,

Sedendo à desejos e caprichos,

Em uma nova realidade,

Dentro de outro corpo,

Vivendo de uma outra forma,

Deixando a razão para o próximo mês.


Fazendo o convite de boas-vindas,

Aguardando a próxima noite de sono,

O próximo amanhecer,

Com o café da manhã sendo servido carinhosamente.


Com os cabelos desarrumados,

O moleton enorme vestindo-me até os joelhos,

E imaginando o resto do dia.


Que passa lentamente...


Corpos deitados lentamente,

No mesmo quarto de hotel,

Esperando pelo toque nada suave do telefone instalado próximo a ambos,

Pego no sono,

Sem querer,

Sinto acarinhamento em meus (ainda) desgrenhados cabelos,

E os lábios quentes em minha bochecha,

Fazendo cócegas e dizendo milhares de palavras em meio ao silêncio.


Me viro lentamente,

Ainda de olhos fechados,

Beijo meus quentes lábios,

E sorrio sem me conter.


Abro meus olhos e encontro os seus,

Me fitando lentamente,

Vejo que o pôr-do-sol nos alcança e a noite vem chegando carinhosa e acolhedora.


O telefone toca,

Saímos do local,

Abraçados,

E passamos a noite sentados na faixada de um prédio,

Filosofando sobre algum assunto pertinente,

Ou simplesmente,

Pensando no futuro,

No próximo amanhecer.


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