27.2.10

...segundo

Basta um segundo, para que nada mais seja compreensível,
Basta um segundo, para que tudo fique ligeiramente confuso,
Se torne até, absurdo.
Basta um segundo, para que os olhares deixem de se compreender,
Basta um segundo, para as palavras não aparecerem e deixarem de significar simplesmente,
Basta tentar entender, para assim, mais complicar.

Basta querer, para não possuir,
Basta desejar, para o difícil surgir,
Basta tentar ajustar.

Basta imaginar, e supor, dentro de um algo incomum,
Basta tentar impressionar, para se cair
Basta se atirar, para alcançar,
Basta se deixar levar.

-Marina Queiroz
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Só porque por vezes não entendo...

21.2.10

Confissão


Um quarto,
Um pequeno quarto,
Três amigas,
Pequenas confissões,
E alguns, muitos olhares divertidos e maliciosos.
Cecília, a mais espoleta, iniciou a conversa:
- Como sei que vocês duas não terão coragem suficiente, eu o farei. Confesso que traí meu namorado com Rafael, o novo aluno da escola, e confesso ainda, que não estou arrependida, Rafael é um terrível e criativo pecado_ E riu graciosamente.
- Confesso, que...que, sei que não deveria estar falando, mas preciso desabafar. Confesso que fui cúmplice no acidente de Maria Fernanda, sim, eu a detestava, e foi divertido_ Disse Carolina, abaixando a cabeça lentamente.
Cecília riu, e olhou para a amiga com certo orgulho, divertida.
Anita, que as observava devagar, ia tomando coragem aos poucos, respirando um tanto acelerada, e Cecília sem aguentar, disse:
- Vamos Anita, coragem!
- Matei um cara!
Cecília e Maria Fernanda se olharam, sem saber o que falar, ou como agir.
-É, eu matei um homem, um moço, um cara, como queiram dizer, matei, pronto, está falado, confessado.
-Quem?_ Perguntou Maria Fernanda.
-Meu noivo. Depois de três meses de traições consecutivas, por parte dele, cansei de enganá-lo, foi mais fácil assim, ele, me traia, mas queria casar da mesma forma, e eu, apaixonada pelo forasteiro, não queria saber de casar, quero saber de algo novo, e o forasteiro, além de ser poeta, ainda toca violão_ e suspirou lentamente.
Cecília começou a rir, feito insana, e deu os parabéns a Anita, Maria Fernanda a olhava bestificada, com muito receio, e Anita, começou a rir, e por fim, disse:
- Tolas, não matei ninguém, e nem pretendo fazê-lo, confesso apenas, que no cair da noite de hoje, irei fugir com o forasteiro poeta e que toca violão.
E assim, andou até seu armário aos risos, Cecília colocou a música francesa da moda, na vitrola, e Maria Fernanda, pegou a mala, e a ajuda para com Anita começou, afinal, amigas, confissões, e fugas, são para, quase, a vida toda.

Tarde de Verão

Início de tarde,
Calor escaldante,
Telefonema inesperado,
Respostas trocadas,
Horário combinado.
Início de tarde,
Calor escaldante,
Calçada cheia de folhas,
Beijo rápido,
Caminho ao destino.
Início de tarde,
Entrada gratuita,
Vistas mil,
Risadas escondidas,
Beijo apaixonado.
Meio da tarde,
Ainda muito calor,
Andadas e mais andadas,
Poesias no ar, ou próximo à ele (literalmente),
Inspirações aflorando.
Final da tarde,
Um ônibus cheio,
Atenções voltadas aos mesmos,
Olhares se cruzando com uma intensidade imensa,
Uma mesa,
Uma coca-cola (risos),
A volta para casa,
O adeus.
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Só porque foi muito produtivo, muito bom, e muito inspirador...

19.2.10

Samba a Dois

Quem se atreve a me dizer
Do que é feito o samba
Quem se atreve a me dizer

Não, eu não sambo mais em vão
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter
E ainda assim
Sambo bem a dois por mim
Bambo e só mas sambo sim
Sambo por gostar de alguém
Gostar de


Me lave a alma
Me leve embora
Deixa ver samba no peito de quem
Quem se atreve a me dizer
Do que é feito o samba
Quem se atreve a me dizer
Quem, me ensinou a te dizer
Vem que passa o teu sofrer
Foi mais um que deu as mãos entre nos dois
Eu entendo o seu depois
Não me entenda que por mal
Mas pro samba foi vital
Falar de


Me lava a alma
Me leva agora
Ja que um bom samba não tem lugar nem
Nem se atreva a me dizer do que é feito o samba nem se atreva a me dizer

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Só porque eu gosto muito de Los Hermanos, só porque meu humor está melhorando (causa: fim de semana), e só porque eu deveria estar na faculdade, mas cá estou, postando...

15.2.10

Entre árvores, sombras e latas geladas de cerveja.

-Peraí!
Mas quem te disse que eu estou procurando alguma coisa?
-Sim, você está.
-Estou?
-Sim.
-O que?
A sombra da árvore, porque folgada do jeito que você é, certamente será a primeira a alcançar a maior árvore desta merda de parque, sentar naquela porra daquela maior sombra, e pegar a bosta da lata mais gelada de cerveja!
-E qual é o problema?
-Nenhum, é o fato de você sempre conseguir o que quer, que me incomoda.
-Ah, agora estou começando a compreender..., mas me explique melhor essa história.
-Ah, você sempre pega os melhores lugares, nas melhores "sombras", com a mais gelada cerveja, e isso me irrita.
-Mas por quê te irrita tanto? Por que você simplesmente não alcança primeiro a árvore, é.., sei lá, sai correndo, chega antes de mim, por que você não me empurra quando chego na melhor sombra, e por que é que você sempre não fica com a lata mais gelada? Não entendo.
-Pelo fato absurdo de você ser mais segura, do que qualquer um de nós, você não tem vergonha de sair correndo atrás da árvore que quer, você não teme empurrar ninguém da maior sombra, e você não está nem aí se estou com sede, você vai e pega sempre a mais gelada, pronto, falei a verdade! Pode começar a me condenar agora.
-Juro que não te entendo! Eu não sou segura, nem ao menos sei o que seria um terço disto, segurança, auto-confiança, o que é isso? Acho que estou mais para um golpe de sorte aqui e ali, uma certa cara-de-pau talvez, mas nada além disso...Você se engana meu caro.
-Não, não me engano, você é segura sim, sempre consegue o que quer.
-Ou finjo fazê-lo.
-Você sempre alcança primeiro.
-Ou finjo.
-Você sempre leva vantagem.
-Isso porque provavelmente você não acompanhou toda a história.
-Para de ser hipócrita, neste exato momento você está em baixo da maior árvore deste parque, com a maior, melhor e mais fresca sombra, deste calor terrível de 30 e poucos graus, com a maior e mais gelada lata, então cale-se e pare se dizer que foi um golpe de sorte!
-Neste caso, tenho que admitir, não foi golpe de sorte, foi cara-de-pau mesmo.., mas ainda sim, deixarei de ser egoísta, venha, sente-se aqui comigo, venha, eu dividirei a sombra com você.
-E a cerveja.
-Eu disse que não sou egoísta, esqueci de acrescentar que boba também se inclui na minha lista.

11.2.10

Camaleão, camaleoa...



Todo mundo vive reclamando do meu jeito de amar, do meu jeito de me apaixonar, do meu jeito de me adaptar, do meu jeito de demonstrar.

Todo mundo vive criticando, minha forma de desejar, de me expressar, de como lhe dar.

Mas quer saber?

De fato, me apaixono pelos loucos e insanos, pelos normais e metódicos, pelos lunáticos e claustrofóbicos.

Amo feios, bonitos, louros, morenos, amo o infinito.

Não me dedico à nenhuma forma de expressão ou demonstração específicas.

Não beijo ninguém igual, todos os beijos são diferentes, mesmo sendo em uma mesma pessoa, e nunca ninguém ousou reclamar, e nem o faria, pois eu, meus caros, nem ligaria.

Mas ouso dizer que sim, me adapto, com facilidade assustadora, chego a adivinhar o que estão desejando, cogitando.

Vantajoso? Pode ser.

Curioso? Sempre.

Bom? Quase todas as vezes.

9.2.10

16 anos

Segue a lenda, de que ela anda por aí, com as mesmas vestes que utilizava naquela época, com o mesmo vocabulário que lá era aplicado, com a mesma maquiagem para eventos importantes, com o mesmo olhar que tantos cativava, mas ninguém ao certo sabia mesmo se ela era, sua aparência não mudara, mesmo depois de tanto tempo, e seu jeito menina levada era exatamente igual.
O que a muitos assustava.
Era engraçada a forma como o tempo passara, e ela, nada mudara, nada alterara.
Continuava impecável, dentro das vestes, como quem tinha se 'montado' naquele mesmo dia, e continuava a cativar pessoas, continuava a fazê-las amá-la, continuava a fazê-las sofrer, desde outrora, no tempo em que realmente ela fazia isso por prazer (se é que mudara!).
E com o mesmo sorriso no rosto de sempre, ela nada esperara, e sua próxima vítima, se aproximara, ela com os eternos e desejados 16 anos, se preparara, para esta mesma próxima vítima, ser apenas mais uma, das tantas, que ela com esses imortais 16 anos, já tivera em suas mãos...