24.11.09

Som da Chuva

Você está escutando o barulho da chuva?
Está quase que impossível não reparar.
Fecho meus olhos,
Me imagino na calçada,
Tomando essa mesma chuva que ouço,
Olhos ainda fechados,
Está me dando uma vontade louca de chorar..
Na rádio?
Algum rock clássico,
Aquele em que a guitarra soa triste a música inteira, mas depois, se alegra,
O som agora está mudando um pouco,
Um misto de garoa e vento..
Hoje houve um fato estranho,
Não consegui sentir o cheiro da chuva,
Como sempre acontece,
Se bem que não seria assim tão estranho,
Meus sentidos andam me sabotando com uma frequência assustadora.
Marina Queiroz

14.11.09

Armação alheia?

Eles vivem me dizendo o que devo dizer,
Eles vivem me dizendo o que devo fazer,
Eles vivem me dizendo como devo me portar,
Como devo conversar,
Até mesmo, o modo como devo olhar.

Eles só me esquecem de dizer o que não posso pensar,
Ou o que penso em falar,
Ou como eu não posso agir longe de toda essa palhaçada.

Mal sabem eles, que por trás de tudo isso, estou armando a maior bagunça,
Para acabar com todos esses malditos da sociedade,
Que para mim,
Não passam de uns alheios, sem emoção na vida, envelhecendo dia após dia,
E eu,
Eu só dou risada das tolas e estúpidas atitudes,
Mal sabem eles que não acordarão no dia seguinte,
Não irão degustar o café da manhã requintado de todo dia,
Não irão dirigir seus carros caros e finos,
Não irão sentar em frente ao computador de última geração que está sobre a mesa de escritório de madeira fina.
Não irão!!!

E eu?
Eu continuo aqui,
A rir destes tolos,
Continuo a rir da falta de dinheiro,
Do excesso de cerveja,
Da criatividade que anda aflorada,
Das longas conversas,
Dos bate-papos de sacanagem,
Das risadas encantadoras,
E das luzes da cidade, que eu pensei que não se acabavam,
Mas que me pegaram de surpresa um dia desses...



-Marina Queiroz

2.11.09

Último Trago (?)


Roda tudo rápido,
Roda tudo em diversos ângulos,
Não consigo me focar em nada,
Não consigo olhar para nenhum olhar específico,
A luz está intensa,
Sinto minhas pernas adormecidas,
Mas não quero sair daqui,
Tal picodelia está me dando um certo e estranho ânimo,
Tateio meus bolsos à procura do meu maço de cigarros,
Merda,
Meus cigarros acabaram,
Alguma alma pode me arrumar um último?
Merda,
Não tem ninguém fumando aqui,
Meu estômago revira,
Minha boca está seca,
Tomo um violento gole de cerveja,
Mas ainda não bastou,
Saio andando meio turva,
Olhando para todos e nada enxergo,
Nenhuma desgraçada bituca,
Nenhuma fumaça,
Cadê o cheiro do tabaco?
Inferno!
Estou me perdendo,
Meus joelhos estão perdendo a força ainda mais rápido,
Estou caindo...
De repente,
Quando não sentia mais nada,
Tomei um puxão violento,
Fazendo eu subir novamente àquela superfície psicodélica,
E sem ter tempo algum,
Senti minha mão entrelaçada à este estranho (a),
E sem me importar,
Fui,
Passamos por uma pequena cortina de veludo marrom,
Velha, e encardida,
Eu ainda não enxergava muito bem o estranho (a),
Sei somente,
Que segundos depois,
Havia um cigarro na ponta de meus lábios,
E o fósforo brilhava fraquinho,
Acendendo aquele cigarro que eu não sabia de onde vinha,
Mas após o primeiro trago tudo mudou,
E eu voltei a respirar novamente,
Voltei a querer beber,
Beber meu último gole de cerveja,
Tragar o meu último cigarro,
E roubar o último beijo da noite,
Antes de sair daquela loucura,
E ir parar em um lugar desconhecido,
Aliás,
Como foi mesmo que eu cheguei em casa?
(risos)
Acho que estou me lembrando...
Digo mais,
Me lembrando de quase tudo,
Inclusive, de...
Bom dia!