31.5.10

Estrada

Parada no meio da estrada,
Já nem sabia mais o que fazer.
O automóvel, que outrora fizera sucesso,
Já não tinha mais combustível,
E eu,
Sozinha no meio da estrada,
Nada podia fazer.

Abri a porta, saí, olhei,
Nada,
Absolutamente sozinha.

Entrei no automóvel novamente,
Liguei o rádio de pilha que estava no porta-luvas e comecei a escutar aquele velho trote,
Que um dia,
Fora moda.

Me acomodei no banco traseiro,
Cruzei as pernas,
Encostando os pés na janela,
Fechei os olhos,
E deixei a nostalgia me levar...

Me lembrei de uma cena que não fazia muito tempo, acontecera comigo.
E um sorriso de repente, invadiu meus lábios.
Não conseguia esquecer.
Papai quase me matara. (risos)

Mas foi sem culpa que resolvi fugir,
Fugir para vê-lo,
Ao menos no fim de semana.

Mas agora, cá estou.
Na estrada.
Sozinha.
Com esta música que tanto me agrada.

Me lembrando na noite passada,
Onde eu não sabia diferenciar o meu corpo do seu,
Os seus olhos dos meus,
O palpitar de dois corações loucamente vivos.

28.5.10

23:32 may


São os pensamentos que tanto me absorvem,
Me alegram,
Me entristecem.
São os pensamentos que me levam a outra órbita,
Me tiram do chão,
Me jogam contra as paredes.
-Estas, que estão difíceis de visualizar.
São os pensamentos que me elevam,
Me confundem,
Me respondem.
-Alguma coisa resplandece.
E de pouco a pouco, de encanto a desencanto, de risadas a lágrimas nada hostis.
Vou me perdendo dentro deste mundo de incertezas, dramaticidade e elementos bizarros, extremamente bizarros.
Me perco em uma algazarra de cores, sabores, texturas, nem sei mais o que quero, como quero, com que intensidade.
Nem sei mais o significado do meu nome.
Lembranças, fisionomias, olhares, sorrisos, tudo confuso, tudo fora de foco.
Onde estou? Como estou? Onde vou? Por onde começo?
Nada de direções, nada de foco.
Corre tempo, tempo corre.
Olhos abertos, olhos vendados.
Tudo assim, em cima de incertezas e cansaço.
Sono, muito sono...
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Um sono indescritível me invade, não sei ao certo por quê, dormi horrores ontem, mas a cabeça pede, implora. Sexta-feira normal, sem expectativas de noite longa, conversas absurdas e sem vinho, sem vinho...
Esperando o amanhecer do sábado.

27.5.10

Refúgio


Existe um lugar, onde as borboletas que ficam no estômago aparecem, sem medo de ser perseguidas.
Existe um lugar, onde se pode aninhar a cabeça, e o verbo pensar passa a ter outro sentido.
Existe um lugar, onde as formas do corpo passam a ter todo ou nenhum significado, ainda sim, este, fica bonito independente do ângulo que se visualiza.
Existe um lugar onde as palavras podem ou não serem pronunciadas, pois a essência delas está no ar, que hora gela, ora esquenta.
E todas as estações, lá estão acomodadas, de forma simples e brilhante.
E quando se para, somente para vislumbrar, percebe-se que os olhos estão fechados, e que mesmo se pensando que está a imaginar.
O real está bem em frente, se aproximando lentamente, trazendo consigo anseios e desejos, palavras e pensamentos, toda a essência de um lugar.
Não se recorda nem nome, nem localização exata, são guardadas as memórias, somente as memórias e o cheiro, de um tudo, um nada...

20.5.10

-Dane-se, cansei de ser certinha. Não estou nem aí...
-Mas a minha namorada é ciumenta, e outra, vai ser foda depois...
-Vai rolar aquela coisinha chamada culpa na consciência, é isso?
-Sei lá, se é assim que você prefere chamar, tudo bem.
-Não quer mais então?
-Não é isso...
-Aha...acho que entendi.
-Hã?
-Me da um medo, que medo..., você me mandou essa música uma vez. Ela cantarolou.
-Faz tanto tempo, você ainda lembra.
-Lembro, lembro sim. E olhou para ele, apaixonada e curiosa.
-Não faz assim, eu namoro agora, não posso.
-Não vou mais insistir então, se é assim que você quer.

Ela se virou lentamente, um pouco desapontada, e começou a caminhar.
Menos de dois segundos depois, ela sentiu um aperto de leve na cintura, e se virou. Sem tempo de responder, foi invadida pelo beijo que agora, ele lhe dava, sem culpas ou pensamentos a mais.
-Mas e a sua namorada? Ela disse tentando recuperar o fôlego.
-Está no curso, e volta mais tarde.
-E a culpa?
-Que culpa?
Ela sorriu. E o beijou.
Ele, respondeu sem dúvidas.
E a tarde passou mais rápido, mais apaixonada, mais escondida.

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Brincadeiras geram inspirações, risadas e outras coisas.
Porque eu precisava escrever algo, sim soa um pouco bobo demais este, mas não me preocupo.
E sim, porque eu lembrei de suas brincadeiras e risadas que tanto me divertem.

15.5.10

Empty


Não consigo parar de pensar, de escutar. Este burburinho todo me atrapalha demais!
Estou me desfocando de tudo, de um todo.
Sinto tudo de forma estranha e intensa, não parece estar aqui dentro, está vazio.
Vazio?
Não sei se é bem assim.
Mas estranho está. Formas e cores vem e vão, tudo está muito misturado, não consigo diferenciar quase nada...
Esta vastidão me impede de enxergar o que está a poucos passos dos meus pés, que agora, está descalços e pisam nas folhas secas e geladas de um bosque escuro, e quieto.
De repente eu começo a olhar tudo o que está em volta, e só enxergo grandes troncos de árvores, que com o passar da hora, vão se tornando cada vez mais sombrios, e aquele vazio que eu sentia, se torna, rapidamente, um medo, medo dessas sombras estranhas que me cobrem, que me olham, tudo se torna infinito, de repente.
Ao cair da noite, percebo que entro em desespero, pois só consigo visualizar as sombras, e nada mais.
Me deito próxima a um tronco não muito grande, próxima a uma clareira. E lá, adormeço, não sei como consegui fazê-lo.
Amanhece, e todas as sombras que me perseguiram noite passada, haviam partido, eu estava novamente no bosque vazio, em meios a árvores e mais árvores, com suas folhas secas e coloridas, me proporcionando um lindo desenho. Começo a observar, me perdendo ali. Parando de escutar e de pensar, utilizo somente minha visão, que agora sabe bem o que está contemplando. E esta visão começa a me dar uma paz, aquela que eu não sentia, não visualizava mais. Meus pés.., mal os sinto, tamanha a intensidade do frio, os dedos de minhas mãos estão endurecidos, meus lábios, praticamente cortados, junto ao vento.
Mas me alegro, somente pelo fato de estar observando esta cena. Me atrevo a dar um passo, quero sentir o chão...
Acordo, de repente!
Estou com os pés descobertos, e a janela do quarto está aberta. Minha cabeça volta a pensar, arduamente e com maior velocidade. Sinto pequenos sons me invadindo, novamente. Fecho meus olhos o mais forte que posso, e o frio termina de invadir meu corpo, que está coberto.
E eu percebi que era um sonho mesmo...
Resolvo me levantar, e quando coloco os pés no chão, não sinto aquele frio estranho de outrora, estou calçando meias, meias quentes. Mas ao olhar estes mesmos pés, visualizo uma folha seca bem ao lado de um dos mesmos.
Estava a sonhar acordada?

14.5.10

Esqueci, esquecer.



Andam me questionando a respeito da droga que uso.

Para que responder?

Para que tentar adivinhar?

Não, eu não divido. Aliás, estávamos falando sobre o que mesmo?

Grito! Grito! Grito!

O corredor continua oco, sem formas certas.

Minha visão está nublando aos poucos.

ALGUÉM? Arrisco mais uma vez.

Sentada no piso frio, fico olhando o frasco vazio que escorrega por meus dedos finos e gélidos.

Começo a observar a forma engraçada como ele se move.

Por que me chamam de maluca?

Nada em mim é normal, é isso?

Tolos...eu sempre soube!

Não é necessário me alertar.

E outra...Estamos falando sobre o que mesmo?

Já me esqueci.

Mas calma, não sou assim tão esquecida, são pequenos lapsos, logo, logo estarei de volta, e prometo lembrar de tudo.

Será que estou enlouquecendo, meu Deus?

Não, não estou. É que este frasco não para de se mover e suas cores alternam com uma rapidez absurda, deixando meu cérebro confuso, meus olhos sem direção.

Droga! Preciso dormir.

Mas minhas pupilas não me deixam.

Farei uma última tentativa.

ALGUÉM?

Por que não há resposta?

MORRI!

Nada ainda...

Acho que estou perdida mesmo.

12.5.10

Casulo

Um hotel.
Um quarto.
Um banheiro.
Uma cama.
Dois corpos.


Uma conversa.
Uma risada.
Um sorriso.
Toques.

Gotas de suor escorrendo.
Barulho, silêncio.
Gemido, respiração.
Olhar, beijo.
Movimento, estagnação.
Pulsação, batimento.
Sono, insonia.





Já não cabia pensar.

6.5.10

Perfume


Ao abrir meus olhos,
Dei o primeiro suspiro do dia,
E seu cheiro me incendiou.
Procurei meu copo de água,
Com as janelas ainda fechadas,
E meus lábios humedeceram com a lembrança de seu beijo.
Abri as janelas lentamente,
O sol invadiu o meu quarto,
E escutei ao longe a música que você me apresentou.
Fui tomar banho,
Me enxuguei,
E diante do espelho embaçado, meus olhos fitaram suas pupilas dilatas.
As palavras que saem de meus lábios, nem sempre vem da melhor forma ou maneira, minha forma de expressão se torna difícil por diversas vezes, e eu, continuo me perdendo ao me preocupar com o que você está sentindo.