14.3.10

Eu, ele, nós...


Eles eram um casal meio estranho, meio diferente, meio longe de um certo comum, ainda melhor, acho que completamente longe do mesmo.
Eles não eram do tipo extremamente fofinhos, ou cheio de frescurinhas e blá blá blá.
Eles tinham sim sua graça, e suas brincadeiras divertidas, mas não era demonstrado, apenas entre ambos, o que se tornava ainda mais fascinante.
Eles não faziam a linha casal do ano, ou nada muito parecido...
Chegavam a dizer que eles, nada tinham a ver, nada mesmo.
Mas ambos sabiam, que por mais diferente que fossem, o que tinham em comum era o os ligava, e o que tinham em incomum, era o que os fazia ser o que eram, repletos de defeitos e qualidades, que já sabiam quais eram, sabiam o modo como as despertar, como as acalmar, bastava olhar para saber, bastava ouvir a voz.
Era meio estranho, pois eles andavam meio diferentes, ela, um tanto estranha, quase excêntrica, ele, fazia a linha comportada, básico. Ela, curtia umas bandinhas desconhecidas, ele, curtia um rock meio praiano. E muito nada davam para o casal, mas eles, em seu interior, nem ligavam, pois tinham certa segurança com alguns aspectos e afins.
Ele um dia, encostou o carro na guia, a uns cinco metros da praia, não mais. Ela colocou os óculos escuros, pois o sol estava forte. Ele, arrumou a calça jeans, ela, abriu a porta e saiu do veículo, e observou aquela paisagem calma, tranquila, que a rodeava no momento. Ele, saiu também do carro, fechou a porta e encostou no mesmo, ficando de costas para a praia e acendendo um cigarro. Ela se virou, foi na direção dele, e o olhou, sem nada dizer. Ele lhe ofereceu um trago. Ela aceitou. Eles se olhavam, sem o fôlego perder, ou o oposto, talvez. Num impulso, ele a beijou, ela respondeu.
E naquele instante, eles descobriram que independente do que falassem, independente dos erros, e frases mal faladas, eles lá estavam, se olhando, se gostando, e rindo, de um não se sabe o que exatamente. E sabiam ainda mais, sabiam que o amanhã poderia lhe reservar algo melancólico, que daqui a dez minutos eles poderiam estar sem falar, mas algo ali valia a pena, ainda não se sabia exatamente o que, mas que valia, valia.

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