22.8.09

Cálice



Ela acordou na manhã de uma segunda-feira, totalmente descabelada, com vestes mínimas, se levantou, aliás, tentou fazê-lo, mas não pode, sua cabeça girava e doía demais, a dor aumentava conforme os movimentos que ela fazia. Mesmo assim, ela juntou todas as formas que lhe sobraram e apoiou os pés no chão, sentiu o mesmo gelado, e se dirigiu para o banheiro.

Ela não se lembrava da noite passada. Não se lembrava do que fizera. Aonde estava. O que fazia?

Se olhou no espelho e ficou admirada, sua maquiagem estava intocada, sua bijuteria que havia comprado no dia anterior estava em seu pescoço, ela tocou por um instante o imenso colar de pérolas que tanto gostara. Em seguida, olhou para a camisola que estava usando, na hora reconheceu que não era dela, e sim de um outro alguém, mas tinha ficado perfeita em seu corpo. Olhou seus cabelos que estavam loucamente descabelados e os arrumou, ou ao menos tentou deixá-los em seu devido lugar.

Na hora em que colocou a mão na maçaneta para abrir a porta, um medo a surpreendeu, pois ela não sabia aonde estava, não se lembrava de sujeito algum, de pessoa alguma.

Num instante de coragem ela abriu a porta ainda ressabiada, e olhou para a porta do quarto, foi quando avistou o lindo torso nu daquele homem de cabelos castanhos claros e de olhos de um verde que tirava toda e qualquer concentração dela. Este mesmo homem que ela se perdia agora deu um passo a frente, lhe estendendo a mão e oferecendo uma caneca um pouco velha com café quente, ela não se conteve e pegou a caneca encostando de leve seus dedos nos dele, dando um pequeno e tentador choque. Ela abaixou o olhar para a caneca, e tomou um gole daquele delicioso café. Ele a encarava. Ela tomava coragem para perguntar quem era aquele estranho. Ele agora fitava os cabelos dela. Ela, o olhava timidamente. Ele brincava com os cachos que insistiam em sair do lugar. Ela fitava sua boca. Ele abaixara seu queixo, ficando com os lábios próximos aos dela. Ela levantava seu rosto lentamente, esquecendo qualquer tipo de duvida que lhe atingira minutos atrás. Ele a beijou. Ela respondeu.

A pequena caneca, um pouco velha, com o café quente, foi depositada em cima da mesa de cabeceira, da cama dele.

E a manhã neste dia se tornou um pouco mais longa do que as outras manhãs comuns de uma segunda-feira.

Marina Queiroz.

2 comentários:

Thais disse...

puts.. que legal esse texto!
é vc que escreve??
eu achei o qseu blog no do Léo
muito bom os textos!

Quei.Nina disse...

Obrigada!
Sim, sou eu quem escreve, que bom que vc gostou.