2.11.09

Último Trago (?)


Roda tudo rápido,
Roda tudo em diversos ângulos,
Não consigo me focar em nada,
Não consigo olhar para nenhum olhar específico,
A luz está intensa,
Sinto minhas pernas adormecidas,
Mas não quero sair daqui,
Tal picodelia está me dando um certo e estranho ânimo,
Tateio meus bolsos à procura do meu maço de cigarros,
Merda,
Meus cigarros acabaram,
Alguma alma pode me arrumar um último?
Merda,
Não tem ninguém fumando aqui,
Meu estômago revira,
Minha boca está seca,
Tomo um violento gole de cerveja,
Mas ainda não bastou,
Saio andando meio turva,
Olhando para todos e nada enxergo,
Nenhuma desgraçada bituca,
Nenhuma fumaça,
Cadê o cheiro do tabaco?
Inferno!
Estou me perdendo,
Meus joelhos estão perdendo a força ainda mais rápido,
Estou caindo...
De repente,
Quando não sentia mais nada,
Tomei um puxão violento,
Fazendo eu subir novamente àquela superfície psicodélica,
E sem ter tempo algum,
Senti minha mão entrelaçada à este estranho (a),
E sem me importar,
Fui,
Passamos por uma pequena cortina de veludo marrom,
Velha, e encardida,
Eu ainda não enxergava muito bem o estranho (a),
Sei somente,
Que segundos depois,
Havia um cigarro na ponta de meus lábios,
E o fósforo brilhava fraquinho,
Acendendo aquele cigarro que eu não sabia de onde vinha,
Mas após o primeiro trago tudo mudou,
E eu voltei a respirar novamente,
Voltei a querer beber,
Beber meu último gole de cerveja,
Tragar o meu último cigarro,
E roubar o último beijo da noite,
Antes de sair daquela loucura,
E ir parar em um lugar desconhecido,
Aliás,
Como foi mesmo que eu cheguei em casa?
(risos)
Acho que estou me lembrando...
Digo mais,
Me lembrando de quase tudo,
Inclusive, de...
Bom dia!

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