6.4.09

Cegueira Bendita



Ando perdida nestes sonhos verdes

De ter nascido e não saber quem sou,

Ando ceguinha a tatear paredes

E nem ao menos sei quem me cegou!
Não vejo nada, tudo é morto e vago…

E a minha alma cega, ao abandono

Faz-me lembrar o nenúfar dum lago

´Stendendo as asas brancas cor do sonho…
Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo

E não ver nada nesse mar sem fundo,

Poetas meus irmãos, que triste sorte!…
E chamam-nos a nós Iluminados!

Pobres cegos sem culpas, sem pecados,

A sofrer pelos outros à morte!

Florbela Espanca

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